quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Conversa com a Música


Com o subtítulo "Uma conversa sobre a Música e a sua estreita ligação com as outras Artes", no passado Domingo, 26 de Outubro pelas 17h00, e um pouco mais de público que do último evento do género, teve início mais uma jornada entre paredes do agradável auditório do Conservatório de Música de Cascais (CMC).
É assim que esta casa, no Monte Estoril, se vai gradualmente abrindo ao exterior, como aliás o havia prometido o seu principal mentor, e maestro da OCCO, Nikolay Lalov. Este apresentou-se desta vez não à frente dos seus músicos, mas antes diante de uma simples e quanto baste aparelhagem hifi, alguns CD e uns quantos cavaletes. Na mesa de apoio a esta conversa informal ainda alguns livros de pintura, previamente marcados a ajudarem ao ritmo da prelecção de N.Lalov, sobre as relações entre a pintura e música: divergências e convergências das duas artes; o seu percurso histórico, elástico e plástico, feito de distanciamento reverente e aproximações passionais, as diferentes matérias-primas sobre que se iniciaram e evoluíram, o espaço num, o tempo noutro. Como Pitágoras tornou a música numa extensão da matemática, ao enunciar as razões matemáticas por trás dos sons, e como as suas descobertas construíram os alicerces para todo o desenvolvimento posterior da música na Europa, ao permitir a determinação matemática da entonação de todo um sistema musical.

E mais tarde, que o tempo, mesmo o musical, é feito de mudança, a emergência de Arnold Schönberg (1874-1951), criador do revolucionário dodecafonismo serial, democratizando as 12 notas da escala cromática, tratando-as como iguais, e não mais sujeitas a uma relação ordenada e hierárquica como até aí, e chão por isso da chamada atonalidade. A parentela de tal (r)evolução como a trazida por Wassily Kandinsky, de um abstraccionismo feito de marcas – traços, riscos, cores – em conjugação igualitária.
Tudo isso e muito mais, numa exposição tão simples quanto didáctica, a terminar como começou, quando N. Lalov mostrou a sua outra face e exibiu meia dúzia de pinturas, a pastel e aguarela, da sua Bulgária, até à praia de Carcavelos.
(ao lado, aguarela de uma aldeia na Bulgária de Nicolay Lalov)

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