sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Um instrumento mágico













O CMC abriu desta vez as suas portas à arte do violino, mas mais surpreendentemente à da sua construção. Para tal estiveram presentes nada mais nada menos que os construtores da já mundialmente famosa marca portuguesa de violinos CAPELA.

António (pai) e Joaquim Capela (filho), são já a 2ª e 3ª geração de luthier’s, iniciada por Domingos Capela, já nos idos de 24 do século passado.

António Capela foi a geração que se internacionalizou, ao partir para estudar em Paris, Mirecourt e também em Itália, na cidade de Cremona, onde aperfeiçou a técnica de construção de violinos.

Em 1963 inicia a participação em concursos internacionais, de Liége, Bélgica, onde ganha o primeiro prémio na categoria de sonoridade e o quarto na categoria “luthier”. No ano de 1967, concorrendo com dois violinos, participou num concurso em Poznan, na Polónia, obtendo um 2.º e um 4.º prémio. Até que em 1972, naquele mesmo concurso, se apresenta com 4 violinos (António e Joaquim CAPELA), e arrebata simplesmente os primeiros quatro prémios e as maiores pontuações de sonoridade e trabalho.

Outros concursos na Alemanha, Bulgária, e Japão, trouxeram simplesmente os violinos CAPELA (e também as violas e os violoncelos) para o palco das grandes orquestras mundiais e as mãos dos maiores virtuosi. Tal consagração, trazida até sobretudo por reputados violinistas, violetistas e violoncelistas que usam a marca CAPELA, e recorrem à famosa oficina de Espinho para repararem mesmo os seus Satradivarius e Guarneri, fez naturalmente com que António Capela passasse ele próprio a ser convidado para júri de concursos de luthiers, apresentando-se hoje igualmente como fundador e vice-presidente da Associação Europeia de Construtores de Violinos e Arcos.

Considerados como os Stradivarius portugueses, a construção de um violino CAPELA é algo do reino do hermetismo, e do culto, ali muito próximo da arte de fazer um bom vinho ou destilar um puro malte. Segredos apenas transmissíveis de boca para boca, e por isso muito filiados nas gerações com que uma família pode perdurar no mundo.
Se não há dois violinos CAPELA iguais, também provado ficou, quando Lilia Donkova, 1º violino da OCCO, repetiu integralmente a mesma peça. O som de um violino António CAPELA e o som de um violino Joaquim CAPELA, são já hoje de identidade distinta.

Enfim, um mundo à parte, feito da sua gíria e dos seus segredos e recantos, como as florestas da Europa central onde devem crescer lentamente as árvores apropriadas – o ácer e o pinho - matéria de que é feito um violino, isto para além do tempo, esse grande escultor, que guarda nos seus veios o som que um bom luthier há-de encontrar no seu mester. O envelhecimento em oficina que pode atingir as dezenas de anos, o tipo de verniz, em suma, coisas de quase um sabor conventual mas a apelar para o sentido auditivo (e visual, porque não dizê-lo).

Uma jornada que valeu a pena, aconteceu no passado domingo.


Ver também:

http://pianobar.no.sapo.pt/documentos/tres%20gerações%20de%20violinos%20capela.htm
http://www.shirakawaviolins.co.jp/anotonio.html

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